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Mas rogo-te, Senhor

Amigos,


Sou suspeito para falar de Maria Dolores, seus poemas me tocam fundo, os versos parecem impregnados de sentimentos que ressoam diretamente no coração!!!

Por isso mais uma vez, lhes peço licença e compartilho esses maravilhosos versos.


Muita paz!!!

Mas rogo-te, Senhor


Senhor, eu te agradeço
Não somente
As horas boas da felicidade,
Em que o meu coração tranquilo e crente
Dá-se ao louvor que te bendiz...
Agradeço igualmente os dias longos,
Em que varo o caminho, a pedra e vento,
Nos quais me ensinas sem barulho,
Através das lições do sofrimento,
Como ser mais feliz.

Agradeço a alegria
Que me dispensas pelas afeições,
A benção de ternura,
Em cuja luz balsâmica me pões
Sob chuvas de flor;
E agradeço a amargura
Que a incompreensão me traga,
O estilete da crítica ferina,
Que tanta vez me oprime o peito em chaga
Para que eu saiba amar sem reclamar amor.

Agradeço o sorriso da esperança
Com que me fazes crer na verdade do sonho,
A segura certeza com que aguardo
O futuro risonho
Pela fé natural;
E agradeço-te a lágrima dorida,
Com que me amplias a visão,
A fim de que eu prossiga, trilha afora,
Sem caminhar, em vão,
Sob a névoa do mal.

Agradeço por tudo o que me deste,
A ventura, a afeição, a dor, a prova,
O dom de discernir e o dom de compreender,
O fel da humilhação que me renova
Para que eu permaneça em ti no meu próprio dever...
Mas rogo-te, Senhor, 
Quando me veja
Sob a perseguição e o sarcasmo das trevas,
No exercício do bem,
Não me deixes perder a paz a que me elevas,
Nem me deixes ferir ou condenar ninguém.


Maria Dolores
(Antologia da Espiritualidade, 1971, psicografia de Francisco C. Xavier)

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