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Estudo do livro A Gênese - Allan Kardec


Caráter da revelação espírita

(Continuação a partir do item 7 do Capítulo I)


7 - No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos e cujo conhecimento lhe dão Deus ou seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração. Neste caso, a revelação é sempre feita a homens predispostos, designados sob o nome de profetas ou messias, isto é, enviados ou missionários, incumbidos de transmiti-la aos homens. Considerada debaixo deste ponto de vista, a revelação implica a passividade absoluta e é aceita sem verificação, sem exame, nem discussão.

8 - Todas as religiões tiveram seus reveladores e estes, embora longe estivessem de conhecer toda a verdade, tinham uma razão de ser providencial, porque eram apropriados ao tempo e ao meio em que viviam, ao caráter particular dos povos a quem falavam e aos quais eram relativamente superiores.
Apesar dos erros das suas doutrinas, não deixaram de agitar os espíritos e, por isso mesmo, de semear os germens do progresso, que mais tarde haviam de desenvolver-se, ou se desenvolverão à luz brilhante do Cristianismo. É, pois, injusto se lhes lance anátema em nome da ortodoxia, porque dia virá em que todas essas crenças tão diversas na forma, mas que repousam realmente sobre um mesmo princípio fundamental - Deus e a imortalidade da alma, se fundirão numa grande e vasta unidade, logo que a razão triunfe dos preconceitos.
Infelizmente, as religiões hão sido sempre instrumentos de dominação; o papel de profeta há tentado as ambições secundárias e tem-se visto surgir uma multidão de pretensos reveladores ou messias, que, valendo-se do prestigio deste nome, exploram a credulidade em proveito do seu orgulho, da sua ganância, ou da sua indolência, achando mais cômodo viver à custa dos iludidos. A religião cristã não pôde evitar esses parasitas.
A tal propósito, chamamos particularmente a atenção para o capítulo XXI de O Evangelho segundo o Espiritismo; "Levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas".

Estudo

Ao seguirmos a orientação de Kardec, quando nos chama a atenção sobre o cuidado que se deve ter com os falsos Cristos e Falsos profetas, encontraremos no Capítulo XXI, item 4 do Evangelho Segundo Espiritismo a definição de profeta como "todo enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual". Esta é uma definição muito mais abrangente para o termo, que geralmente associamos apenas a faculdade de adivinhar ou predizer o futuro. 

Ao longo da história destacam-se esses alavancadores do progresso moral, sem os quais seria muito mais demorada a evolução humana, no entanto, verifica-se também em nosso meio, como cita Kardec, a presença de pretensos reveladores ou messias, que usam do nome para explorar a credulidade. Mas se fazem sinais e prodígios para enganar, se possível, os escolhidos(Marcos, 13;22), como se precaver?

O Mestre Jesus ao tempo que nos adverte sobre a existência dos falsos profetas, nos orienta como reconhecê-los, conforme anotado pelo Evangelista Mateus no capítulo 7, versículo 15 a 20:
"Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm até vós com vestes de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Por seus frutos os reconhecereis. Porventura, colhem-se {cachos de} uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Dessa forma, toda árvore boa produz frutos bons, mas a árvore deteriorada produz frutos maus. Não pode uma arvore boa produzir frutos maus, nem uma árvore deteriorada produzir frutos bons. Toda árvore que não está produzindo fruto bom, é cortada e lançada ao fogo. Logo, pelos seus frutos os reconhecereis."
O Espírito Luís, através da mensagem Os falsos Profetas, item 8 do Cap. XXI do E.S.E. nos lembra que cada criatura traz na fronte, mas principalmente nos atos, o cunho da sua grandeza ou da sua inferioridade. 

A partir dessas orientações fica clara a necessidade de analisar sob o crivo da razão e não aceitar cegamente o que nos asseveram como revelações divina, principalmente no momento atual da humanidade, quando vê-se crescer em números expressivos a quantidade daqueles que se dizem profetas ou enviados, mas que dentro dos seus corações secundam o orgulho e a ambição.

Concluímos com a seguinte colocação do Espírito Erasto na mensagem Caracteres do Verdadeiro Profeta, item 9 do Cap. XXI do E.S.E.: "... o verdadeiro missionário de Deus tem de justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador. (...) ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado." 

Muita paz.


Equipe Estude e Viva!!!

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